Criticar depois da derrota é fácil e oportuno. Porém, resolvi assumir
minha opinião. Acho interessante esse 4-2-3-1/3-5-2 idealizado por
Surian. Antes de começar o jogo gostei da formação, elogiei o propósito
do treinador e acreditava que o Carijó fosse ganhar os três pontos. Não
era confiança de torcedor, era um otimismo que tinha como base uma
formação tática interessante. Ficaram visíveis as compensações táticas
que Felipe Surian criou com o objetivo de melhorar os erros da equipe.
No painel tático abaixo está demonstrado o híbrido 4-2-3-1/3-5-2 de
Surian. A primeira compensação tática foi escalar Fabrício Soares como
um “falso lateral”, como muito bem descrito por Bruno Ribeiro. Este,
aliás, antecipou na quarta feira, no Globo Esportivo, a escalação de
Soares e Michel pelo flanco esquerdo. A intenção de prender Fabrício era
soltar Alex pela direita, uma das forças ofensivas do time. Para fazer o
balanço ofensivo, Michel ficou mais livre para avançar pelo corredor
esquerdo do tablado. Esse foi o desenho tático e a movimentação base do
Tupi na sexta feira:
Sem a bola o Tupi jogava num típico 4-2-3-1. Com a pelota nos pés, o
Carijó formava um verdadeiro 3-5-2 com Fabinho fazendo o segundo
atacante pela direita. Na cabeça de área, uma fórmula que vem dando
certo: George mais preso e Salino saindo para acelerar a transição da
bola entre a defesa e o ataque. Analisando friamente o esquema tático e
as intenções de Surian, creio que com os jogadores disponíveis esse
esquema hibrido foi uma boa opção. Os problemas, na verdade, foram mais
técnicos e circunstanciais do que realmente táticos.
O primeiro grande problema, como ressaltado no título do texto, foi a
dimensão diminuta do campo. Lembrando um “estrelão” de jogar botão, o
espaço curto embolou os jogadores e prejudicou a equipe mais técnica que
era o Tupi. Além disso, na transmissão da Rádio Globo, Marco Aurélio
informou que o time paulista estava postado com três zagueiros fixos, o
que também dificultou as jogadas laterais do Carijó. Com o meio
congestionado, era sabido que a partida se decidiria num escanteio, numa
bola parada ou num chute de fora da área.
O chute a gol, aliás, foi outro grande problema para o time
juiz-forano. Primeiro porque foi com um balaço de fora da área que
Hudson abriu o placar para o Oeste. E também porque o Tupi não chutou ao
gol, tentando trabalhar a bola, insistentemente, na “boleira” que se
formou em campo. No primeiro tempo, apesar de sair perdendo, o Galo teve
alguns pontos positivos. Salino continua jogando muito bem de segundo
volante, afinal tem marcado muito e saído constantemente para auxiliar a
criação de jogadas. Alex apoiou bastante e sempre foi uma opção pelo
lado direito. A categoria de Hugo, demonstrada no seu fino toque de
bola, foi outra boa notícia. Todos sabemos que o elenco estava carente
desse legítimo meia de criação.
No segundo tempo, acho que Surian acertou novamente no plano tático.
Com as saídas de Soares e Hugo, e as entradas de Cassiano e Henrique,
formou-se um verdadeiro e ofensivo 4-3-3. O Galo, sem se intimidar,
partiu para cima do Oeste, todo fechado e fazendo “cera” para conseguir o
resultado. Porém, quando o Tupi pressionava e chegava perto do empate,
Ademilson, num lance infantil, prejudicou todo o time ao ser expulso por
flagrante imprudência. O capitão me decepcionou nessa. Acreditava que
ele marcaria os gols da vitória, mas na verdade foi o contrário.
Contudo, Ademilson é profissional e um dos ícones da história Carijó.
Ainda tem o segundo turno para nosso capitão recuperar seu bom futebol.
A única coisa que eu teria feito diferente, em relação ao time inicial
escalado por Surian, seria a escalação de Henrique no lugar de Michel.
Acho que Fabinho pela esquerda e Henrique pela direita, com Hugo
centralizado, daria mais peso ofensivo para o time. Michel não vive um
bom momento e não tem conseguido contribuir ofensivamente para a equipe.
Outro problema, por fim, é a ausência de mais presença de área. Apesar
do esforço tático de Surian, Ademilson continua isolado. Isso porque
Fabinho, apesar de ter feito o segundo atacante, joga muito aberto,
praticamente como um ponta, o que deixa Ade perdido entre os dois ou
três zagueiros do adversário.
Eu, no lugar de Surian, não desistiria desse esquema híbrido sem antes
testá-lo em casa no sábado, contra a Chapecoense. Como citado, eu faria
duas alterações para melhorar o time do Tupi. No meio, colocaria
Henrique pela direita, jogando pelas alas e centralizando para auxiliar
Hugo na criação. Na esquerda, colocaria Fabinho não somente de ponta,
mas também com a incumbência de encostar-se ao homem de área que irá
jogar na ausência de Ademilson. Também colocaria Daniel para testar o
comportamento da equipe, nesse esquema, com um jogador eminentemente de
área.
No mais, ainda acredito, tenho gostado do trabalho de Surian e acho que
trocar de técnico, agora, só prejudicaria o time. O resultado contra o
Oeste não descreveu a partida e ainda temos o segundo turno pela frente.
Quando não me agrada eu critico, às vezes até pegando pesado. Porém, eu
gostei do esquema e até defendo sua repetição aqui em Juiz de Fora. O
que falta são ajustes e um pouco mais de competência e sorte. Vontade e
trabalho não estão faltando. Abraço!
Victor Lamha de Oliveira
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